Em tratamento contra leucemia, adolescente tenta vaga no colégio técnico da Unicamp: 'O que me dá forças é imaginar o futuro'
05/10/2025
(Foto: Reprodução) Adolescente com leucemia faz vestibulinho em quarto do Boldrini
"O que me dá forças é imaginar as possibilidades do futuro". Lidando com dores durante o tratamento contra uma leucemia linfoblástica aguda, a adolescente Clara Gazafi, de 15 anos, contou com o apoio da mãe para lutar por um sonho: uma vaga no colégio técnico da Unicamp, o Cotuca, em Campinas.
Em tratamento no Centro Boldrini, a jovem, que é moradora de Indaiatuba, revela que o diagnóstico da doença trouxe, por um momento, a "sensação de que teria de parar de viver", e isso incluia desistir de cursar o técnico em alimentos.
No entanto, Clara não sabia que podia realizar a prova dentro do Centro Boldrini. Por isso, quando Daniela de Aguiar, a mãe da jovem, viu no site da instituição que algumas pessoas prestavam vestibulares mesmo estando internadas, a adolescente voltou a sonhar.
"Cheguei a pensar em desistir da prova por causa das dores que sentia, mas minha mãe me disse para continuar", diz Clara.
A prova será aplicada neste domingo (5), e conta com suporte dos profissionais de saúde do Centro Boldrini e um aplicador do próprio colégio técnico da Unicamp.
Vestibulinho no hospital
Sabendo da vontade da filha, Daniela conta que foi até o setor pedagógico do Boldrini entender como funciona a realização de provas e vestibulares dentro do hospital.
A partir desse momento, ela inscreveu a filha no processo seletivo do Cotuca, onde encontrou todas as instruções necessárias para prova adaptada dentro do hospital.
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A mãe revela que fazer a inscrição no Cotuca foi "mais simples do que imaginava", assim como o suporte oferecido pelo hospital.
"Minha filha me disse que não faria mais a prova. E é realmente o que passa na nossa cabeça nesses momentos. Mas quando soube da possibilidade dela conseguir fazer a prova, percebi que já estavam preparados para isso, tanto o Boldrini, quanto o colégio. Nós que nem imaginávamos", diz Daniela.
Jovem com leucemia faz prova do Cotuca, dentro de quarto do Boldrini, neste domingo (5)
Bruna Azevedo
Lidando com a quimioterapia
A jovem que já está no 4° ciclo do tratamento, faltando apenas um para o término, começou a fazer a quimioterapia em março de 2025.
Segundo Clara, o maior desafio durante seus estudos são os sintomas do tratamento.
"Estudar enquanto você passa por um tratamento é bem complicado, porque você nunca sabe o que vai acontecer com o seu corpo, nem quando vai sentir dor", conta Clara.
Enquanto passa pelas sessões quimioterapia, e estuda ao mesmo tempo, Clara diz usar a arte como refúgio de suas dores.
"O tratamento que eu estou finalizando causa bastante dor nos ossos, e é uma dor contínua. Em cada fase do tratamento sinto novas dores. Mas quando sinto muita dor, costumo ler, escutar música, ou desenhar. Tento me expressar de alguma forma. Isso me ajuda", conta Clara.
A adolescente Clara Gazafi, de 15 anos, usa o desenho como um refúgio contra a dor durante o tratamento contra uma leucemia no Centro Boldrini, em Campinas (SP)
Arquivo pessoal
*estagiária sob supervisão de Fernando Evans
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